Por David Alves Gomes
No próximo 1º de abril, fará exatamente 49 anos que o Brasil sofreu o início
de um período tenebroso da sua História: a Ditadura Militar. Em uma época de
censura e repressão, principalmente após a instauração do AI-5 de 1968, muitos
brasileiros lutaram contra esse regime antidemocrático, por várias vezes até no
confronto armado através de movimentos guerrilheiros. Apesar da abertura
política em 1985, o Golpe Militar nos deixou resquícios, além de
questionamentos sobre a nossa democracia.
Não é raro, atualmente, observarmos um policial militar se exceder no
tratamento com a população. Os abusos de poder das autoridades armadas
demonstram também certo resquício de um momento em que uma arma de fogo possuía
mais peso que as leis do país, ou em que as leis eram facilmente modificadas
através de atos institucionais editados pelo poder armado. A prática da tortura
nas investigações policiais relembra os períodos de exceção, nos quais eram
permitidos quaisquer meios para a obtenção de informações dos presos políticos.
Ditadura Militar. Fonte: www.culturamix.com |
De qualquer forma, é importante destacar a função das autoridades armadas
nas sociedades ocidentais que é a de manter a “ordem” no Estado. E que “ordem”
é essa? Bem, partindo do pressuposto de que o Estado é composto por leis e por
homens que partilham de aspirações político-ideológicas, manter a “ordem”
significa conservar a sociedade em determinada conjuntura social, conjuntura
esta que atende aos desejos do grupo social dominante. A instauração do regime
militar no Brasil teve o apoio do capitalismo internacional com o objetivo de
manter a “ordem” no país contra as medidas reformistas, consideradas
subversivas ao capital, do então presidente João Goulart. É nessa concepção que
o filósofo Louis Althusser afirma que a Polícia é um dos aparelhos repressivos
do Estado, pois este órgão existe para manter a ordem social vigente,
minimizando (ou aumentando), com as suas ações, as contradições sociais através
da repressão ou eliminação dos atores da antítese; servindo, desse modo, aos interesses
dos grupos políticos dominantes através do monopólio legal da violência.
Assim, as constantes atitudes repressivas da Polícia no Brasil não podem
ser vistas como apenas vestígios da Ditadura Militar, pois é possível, em
grande medida, que elas estejam em prol das aspirações das classes mais
abastadas. Exemplos disso foram as violentas desocupações do Sonho Real,
ocorrida em Goiás no ano de 2005, e do Pinheirinho, em São Paulo no ano de
2012, ambas nitidamente realizadas para o interesse da especulação do capital
imobiliário e amparadas pelo Judiciário e pelo Estado. A atual implantação da
usina de Belo Monte, desrespeitando e precarizando a moradia e a subsistência de
comunidades indígenas e populações ribeirinhas, além do enorme impacto
ambiental causado por essa construção, demonstram como o desenvolvimentismo e o
favorecimento de empreiteiras podem ser mais importantes à democracia burguesa
do que o bem-estar da população. Não raro, esta democracia requisita a força
policial para firmar os seus objetivos.
Cenário do bairro do Pinheirinho após a sua destruição. Fonte: Agência Carta Capital |
Ameiiii a ideia, ameii o assunto, adorei o blog!! Parabéns colegas, ótima iniciativa!!! Vou continuar seguindo vcs e aguardando novas postagem!! :)
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